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Juiza Patricia Acioli

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Juíza não tinha nenhum esquema especial de segurança


A Dra Patrícia era uma mulher de coragem, mas abandonada pelo Estado do Rio de Janeiro. 

O que o Estado do Rio de Janeiro vai dizer aos três filhos da Juíza Patricia: "Sentimos muito"  ou, "lamentamos pois, nós ajudamos para que isso acontecesse quando não liberamos a escolta para sua mãe."

A magistratura perde uma juíza combatente, lutadora, corajosa. 

Mas três filhos perderam sua mãe amorosa e amada, e mãe é só uma insubstituivel, inesquecivel, uma ferida que nunca cicatriza, uma dor que permanecerá a vida toda. 





Juíza Patrícia Lourival Acioli
A juíza Patrícia Lourival Acioli, assassinada a tiros, na madrugada , integrava uma lista de 12 pessoas marcadas para morrer. Seu nome encontrada com Wanderson Silva Tavares, o Gordinho, de 34, preso em janeiro deste ano em Guarapari (ES) e apontado como chefe de um grupo de extermínio investigado por pelo menos 16 mortes em São Gonçalo.

Patrícia Acioli era conhecida por sua atuação rigorosa e tinha um histórico de julgar vários casos contra policiais com desvio de conduta.


Em 2010, ela decretou a prisão de pelo menos quatro cabos da Polícia Militar e uma mulher que seriam integrantes de um grupo de extermínio da Marcha de Vans. No início deste ano, a juíza mandou prender seis PMs suspeitos de forjar autos de resistência.


Várias entidades declararam seu pesar pela morte e repúdio pelo fato de ela não ter recebido proteção especial. “Ela era reconhecida pelo trabalho implacável no combate ao narcotráfico. Contudo, não dispunha de qualquer segurança à sua disposição”, lamentou, em nota, a ANPR (Associação Nacional dos Procuradores de República). “Ela recebia ameaças há mais de cinco anos”, completa o texto.





Um parente próximo, que pediu para não se identificar, disse que Patrícia registrou todas as ameaças no TJ e no Disque-Denúncia.

- Toda vez que ela recebia uma ameaça ela registrava. O tribunal não disponibilizou nos últimos tempos e muito menos carro blindado.

Criada ao lado de Patrícia, sua prima Mônica Lourival afirmou que o Estado negou escolta à juíza.
Mãe da Juiza Patricia Acioli

- Ela sempre pedia escolta e eles [TJ] negavam por N razões. Isso que falaram que ela dispensou escolta não é verdade. O Estado foi quem entendeu que ela não precisava. As pessoas honestas pagam um preço muito caro, que pode ser com a própria vida.


Juíza atuou em casos de grande repercussão
 

Patrícia Acioli também era responsável pela investigação da máfia das vans que agia naquela cidade, que culminou com a prisão do ex-vereador Édson da Silva Mota, o Mota da Coopasa, em 2009. Atualmente a juíza apurava denúncias de irregularidades e abusos cometidos na Polinter de Neves. 

A magistrada ainda atuou em outros casos de repercussão. Foi ela quem mandou prender a freira Luzia Helena de Souza, em 2003, na época com 50 anos, sob a acusação de torturar meninas do abrigo mantido pela Congregação das Irmãs Missionárias de Nossa Senhora de Fátima. Irmã Luzia era diretora do local e foi afastada do cargo.

Recentemente a magistrada condenou o oficial da PM Carlos Henrique Pereira a um ano e quatro meses de detenção, em regime inicial aberto, pela morte do jovem Oldemar Pablo Faria, de 17. Ela entendeu que o tiro disparado contra a vítima, em setembro de 2008, foi acidental.

A juíza também cuidava do caso de Alexandre Thomé Ivo Rajão, de 14, que foi encontrado morto na Rua Leopoldo Marins, em São Gonçalo. Ele teria sido morto por um grupo de skinheads.
Ela ainda era responsável pelo caso envolvendo a morte do vice-presidente do Clube Tamoio, José Carlos Sant’anna, de 61, executado com dois tiros quando saía das dependências da agremiação, no Porto da Pedra.

Além de Acioli, outro juiz da região, André Lenarde, da 4ª Vara Federal de Niterói, também estaria sendo ameaçado. Ele é atua em casos que envolvem a exploração de máquinas caça-níqueis na cidade. Há dois meses, o vice-presidente da Associação dos Juízes Federais (Ajufe), Fabrício Fernandes de Castro, informou que já estava sendo providenciada escolta para o magistrado.

Policial olha o carro da juíza, em frente a casa dela: foram 21 tiros. PM que namorava Patrícia já prestou depoimento na Delegacia de Homicídios

A execução, em Niterói, da juíza Patrícia Lourival Acioli, o terceiro caso de assassinato de um magistrado brasileiro — os outros dois foram em São Paulo e no Espírito Santo — pode ter sido facilitado pela falta de proteção policial, acusaram parentes da juíza durante o sepultamento, ontem, no Cemitério de Maruí, em São Gonçalo. Segundo o primo da vítima, o jornalista Humberto de Nascimento Lourival, Patrícia costumava oficiar a presidência do Tribunal de Justiça do Rio sempre que recebia uma ameaça. De acordo com a Divisão de Homicídios, de 2006 até ontem, o Disque-Denúncia (2253-1177) registrou 35 ameaças de morte contra Patrícia.

Contrariando as denúncias, o atual presidente do TJ, desembargador Manoel Alberto Rebêlo dos Santos, afirmou na manhã de ontem que a juíza recebeu proteção de três policiais entre 2002 e 2007, devido à ameaça que sofreu de um agiota. Após esse período, o TJ fez uma nova avaliação e propôs diminuir o efetivo para apenas um homem. Rebêlo disse que a juíza não teria achado necessário ficar com esse segurança.

Cerca de 450 pessoas foram ao cemitério. A mãe de Patrícia, Marli Lourival, ficou o tempo todo ao lado do caixão da filha. Entre os presentes, estava o promotor Paulo Roberto Mello Cunha Júnior, que trabalhava ao lado da juíza na 4 Vara Criminal.

Ao fim do enterro, Rebêlo foi abordado pelo ex-marido de Patrícia, o advogado X., que pediu para não ser identificado, e pelo cunhado da vítima, o defensor público José Augusto Garcia. Rebêlo disse não saber da existência de ofícios escritos por Patrícia, relatando as ameaças.
— Eu, durante minha gestão, nunca soube de nenhuma ameaça sofrida por ela.

Rebêlo afirmou que Patrícia teria ido pedir proteção ao 7 BPM (Alcântara). A Polícia Militar negou.
A mãe de Patrícia, Marli, durante o enterro da juíza: ao lado do caixão da filha todo o tempo
A mãe de Patrícia, Marli, durante o enterro da juíza: ao lado do caixão da filha todo o tempo 
Pedido de proteção
 
Há um ano e meio, a juíza teria, segundo o desembargador Rogério de Oliveira e Souza contou ao “Globo”, pedido proteção diretamente ao então presidente do TJ, desembargador Luiz Zveiter. Oliveira e Souza afirma ter presenciado a cena, no gabinete de Zveiter. Patrícia estaria temerosa diante de ameaças recebidas após ter decretado prisões de 45 integrantes de uma máfia ligada à exploração de transporte alternativo em São Gonçalo. O desembargador afirma não ter presenciado o desfecho da cena.

Hoje presidente do Tribunal Regional Eleitoral, Zveiter negou, no entanto, que o motivo do encontro com a juíza tenha sido este:
— Só estive com a juíza Patrícia uma vez. Eu a chamei no gabinete da presidência para que esclarecesse uma confusão entre ela e seu marido, em São Gonçalo. O encontro foi presenciado pela desembargadora Sandra Kayat.
Patrícia: o presidente do TJ negou ter recebido alerta da juíza
Patrícia: o presidente do TJ negou ter recebido alerta da juíza

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